Setembro Amarelo | Enviva Me

Av. das Nações Unidas, 14.401 - Setor C Torre Tarumã - Conjunto 1607 - Chácara Santo Antônio | São Paulo - SP | 04794-000 | Brasil

+55 (11) 2362-0094 | 2362-0095 | 94737-7337

Setembro Amarelo

O Mês da Prevenção ao Suicídio. Por momentos de mais consciência e empatia.

Dra. Andrea Masada

08/09/2021

Setembro Amarelo

Vivemos em uma sociedade cada vez mais estressada, ansiosa e deprimida. Infelizmente, as pessoas sofrem as consequências. O aumento dos casos de transtornos psicológicos anda de mãos dadas com as taxas assustadoras de suicídio que vemos crescendo ao redor do mundo. Com números cada vez mais alarmantes, viu-se a necessidade de criar uma forma de combater o suicídio e tudo o que contribui para o crescimento dos casos. Mas a resposta não é simples, e precisa de organização e união para falarmos sobre esse assunto. A campanha do Setembro Amarelo foi instituída no Brasil em 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), como recurso principal do país para ampliar a conscientização sobre o suicídio.

Dados que contam histórias

Em números absolutos, o Brasil é o oitavo país de suicídios. Em 2017, foram registrados quase 800 mil suicídios em todo o mundo, e a maioria das vítimas é de homens. Além disso, as taxas entre jovens vêm crescendo exponencialmente. Aspectos sociais também revelam muito. Países menos desenvolvidos têm uma taxa de suicídios maior, onde há maior presença também de problemas sociais estruturais profundos.

Fatores de risco

Existe um funil de fatores de risco que engloba aspectos individuais, relacionais, comunitários, sociais e de sistemas de saúde, os mais abrangentes. Cada categoria de fatores de risco deve ser analisada cuidadosamente para traçar um plano de ação que se encaixe no contexto adequado. Alguns fatores de risco que chamam mais atenção envolvem histórico de tentativa de suicídio, abuso de substâncias, transtornos mentais, isolamento social, perdas financeiras, discriminação, trauma, guerras, estigmas associados à busca de ajuda e o acesso dificultado a um sistema de saúde. No Brasil, felizmente, temos o SUS, que garante atendimento de saúde gratuito e universal para todos. Mas o sistema deve estar preparado para atender adequadamente as pessoas que necessitam de cuidado psicológico, psiquiátrico, e, oferecer um olhar para os aspectos sociais e estruturais que pioram as condições emocionais desses indivíduos.

Um olhar à totalidade

Como vimos, o suicídio não é algo simples de se manejar. Problemas estruturais ligados à economia e aspectos políticos podem resultar numa piora generalizada do estado psicológico de uma população, que pode estar agravada pela fome, desemprego, desesperança, violência e muitos outros índices que acabam aumentando a incidência de transtornos mentais. As questões sistêmicas devem ser consideradas no olhar individual de cada paciente, identificando seu contexto de vida. Como não podemos mudar as desigualdades do mundo sozinhos, podemos fazer a diferença no dia a dia, com as pessoas próximas a nós, oferecendo esse olhar empático e de cuidado.

Acabando com o estigma

A busca por ajuda ainda é muito estigmatizada, principalmente entre homens (as maiores vítimas de suicídio), que sofrem do reforço de papéis de gêneros ligados à masculinidade, assim, impedindo que muitos busquem ajuda para seus problemas e encarem tudo sozinhos e desassistidos. Devemos urgentemente quebrar esses estereótipos. Todos nós precisamos de alguma ajuda, e não há vergonha alguma nisso. Homens, assim como as mulheres o fazem, são capazes de criar redes de apoio e suporte, e encarar a saúde mental com menos tabu e mais consciência. O exercício da empatia é tarefa diária de todos nós, e nos atentarmos aos fatores de risco, assim como oferecer cuidado e ajuda especializada, podem ser os gestos necessários para potencialmente salvarmos vidas.